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terça-feira, 4 de outubro de 2011

As lições dos barreiros

Por: Maria Ionara Viera

Muitas vezes nos vemos em situações estressantes e aborrecedoras em nosso dia a dia e chegamos a pensar em jogar tudo para o alto e desistir de lutar quando as coisas não dão certo.
Acordamos, “engolimos” um café, saímos correndo para um trabalho que muitas vezes está muito aquém do que almejamos profissionalmente, estudamos, deixamos filhos, família, amigos...tudo porque queremos correr atrás de uma vida melhor, que na verdade se torna cada dia mais distante de nós porque deixamos de vivê-la para corrermos atrás dela! E a vida passa com o tempo... e o tempo voa!
Às vezes Deus nos dá sinais de que estamos nos excedendo e nos esquecendo até mesmo do quanto Ele nos ama. Assentada na varanda da casa de minha mãe, comecei a observar um casal de João de barro, que numa parceria indiscutível construía sua casa no alto de um poste da rede elétrica do outro lado da rua. Dias de frio, vento, inverno... e lá estavam eles carregando barro no seu bico e construindo sua casa com a esperança de agasalhar os filhotes que nasceriam dos ovinhos que a fêmea estava prestes a depositar no ninho, tão logo ele ficasse pronto.
Achei lindo e admirei muitas vezes numa mesma tarde: o casal ia e voltava até sua construção, carregando a palha e o barro, na intenção de se proteger e agasalhar a família que estavam formando.
Não obstante aos esforços do lindo casal, quis a natureza provar a persistência e a paciência dos barreirinhos que tão empenhados e esperançosos construíam sua casa. A chuva forte destruiu a casa já construída quase inteira. Minha mãe, meu pai e eu, lamentamos por eles, tamanho esforço que os pequenos tinham dispensado até ali. Para nossa surpresa, ao primeiro dia de sol, lá estava o casal de barreiros, voando com a palha e o barro no biquinho para começar tudo novamente. Cantarolavam. Era como se nos dissessem que a vida não era feita apenas de começos, meios e fins, mas também de recomeços, ainda que os “meios” e os “fins” fossem incertos. Esta foi à primeira lição.
Construíram novamente a casa nos dias que se seguiram, do início até quase o seu acabamento, quando o clima virou e a chuva torrencial destruiu tudo novamente. Nesta ocasião a comoção tomou conta de todos nós e chegamos à conclusão de que aquele era o fim para qualquer vestígio de esperança daquele casal de João de Barro.
Tamanha foi nossa admiração quando o sol voltou a brilhar e o casal nos deu mais uma lição de persistência e determinação. Com seus biquinhos cheios de barro e palhas, subiam até o alto do poste construindo sua casa e o seu canto parecia nos dizer que se tentarmos uma vez e não der certo devemos tentar outra e se ainda não der certo, não devemos desistir, mas acreditar que a vida vale a pena. Esta foi à segunda lição.
A época da mamãe pôr os ovos estava chegando e a casa precisava estar pronta para que ela pudesse chocá-los e esperar os filhotes que deles nasceriam.
Desequilíbrio ambiental causado pelo homem, leis da natureza, permissão de Deus para nos ensinar mais uma lição, use o entendimento que melhor lhe parecer, para aceitar ao fato de que novamente aquele casal de pássaros trabalharam em vão! Sim. Novamente sua casa foi desmanchada pela água que, sem piedade levou ao chão todo o esforço dos incansáveis passarinhos.
Bastante tristes por acharmos que desta vez nada mais faria sentido na vida daqueles bichinhos, passamos a imaginar que a fêmea desistiria de desempenhar o papel de mãe  protetora, abandonando seus ovinhos em qualquer lugar e que estes seriam comidos por outros animais e assim o ciclo da vida daquele lindo casal não se completaria. Quão pequena é nossa fé!
Dias após, os pássaros voltaram, sobrevoaram o local onde tantas vezes tentaram construir sua casa, sobrevoaram os arredores e, com a certeza de que a vida ainda valia a pena, talvez em sua esperança de pássaros começaram a conversar, arquitetando a construção da casa novamente. Foi quando em cima de um “moerão” avistaram uma linda casa desocupada por outro casal de “barreiros”, que Deus poupara das mãos dos meninos travessos da rua e deixara de presente a eles, na hora certa e no momento certo.
Certamente satisfeitos e agradecidos, deram alguns “toques pessoais” na sua moradia e ali a fêmea está chocando atualmente seus ovinhos, aconchegando-os ao seu peito e nos ensinando que a persistência e a esperança não devem deixar de fazer parte da vida. São para a nossa alma como o oxigênio é para o nosso corpo.
Deus nos dá sinais como estes, para que possamos rever nossas atitudes de desânimo e falta de fé. Muitas vezes nos lamentamos por muito menos do que ficarmos ao relento como aqueles pássaros ficaram tantas vezes e até murmuramos de Deus por ter nos “abandonado”, quando na verdade Ele está apenas nos dizendo para sermos totalmente dependentes dEle, que Ele cuidará de nós e dos nossos problemas da melhor forma possível, na hora e no momento certo, tão somente assim como o casal de João de Barro, não venhamos desistir diante das dificuldades que enfrentamos.
Jesus não deseja que aceitemos a derrota e a pobreza nas nossas vidas, ao mesmo tempo que nos instrui a jamais darmos mais importância ao que temos ou conquistamos do que ao amor que sentimos por Ele e ao desejo de estarmos um dia com Ele.
Os barreiros construíram sua casa e naquele momento ela era tudo o que possuíam, no entanto, veio a chuva e destruiu todo o seu projeto, sem contudo fazer com que eles perdessem o foco. Eles tinham esperança e persistência e isto os impulsionou a não desistirem nunca dos seus sonhos!
Assim como Deus cuida das aves e das flores do campo, Ele cuidará de cada um de nós. (Mateus 6.19-21) Sejamos incansáveis como o casal de pássaros da minha história. Mantemos a esperança e a determinação que existe dentro de cada ser criado por Deus e tenhamos a convicção de que o nosso socorro virá da parte de Deus, na hora e no momento certo!

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